segunda-feira, julho 09, 2007

O Sol com a cabeça na Lua

Quarta-feira, Junho 20, 2007
O Sol com a cabeça na Lua
Era uma vez num circo, o palhaço João e a bailarina Candoca. O palhaço sempre fora muito pobrezinho, era neto de um velho palhaço, não tinha pai nem mãe. A bailarina era a grande atração do circo, sempre a rodar e rodar no picadeiro, com roupas brilhantes e bonitas, enquanto ele usava comente uns trapos, com uma murcha flor no bolso da camisa, nem maquiagem ele tinha direito.
Mas desde criança João era apaixonado por Candoca, mas nunca conseguiu declarar seu amor por ela. Sempre desconfiado, tinha o coração maior que o medo, porém menor que a coragem. E também porque Candoca estava prometida ao belo filho do coronel da região do Circo. Todos sempre admiravam Candoca por ser a melhor dançarina da região.
Numa tarde ensolarada, Candoca foi passear a cavalo com seu prometido, e acidentalmente, num deslize, caiu e desmaiou. Ao saber disso, o palhaço João correu para o pequeno hospital do interior em que viviam, e, movido pelo amor, declarou-se pra Candoca: "Eu não tenho dinheiro, não sou ninguém... mas quero casar-me com você, Candoca." Ela, assustada e atordoada, disse: "E o que você pode me dar?"
"Apenas um pequeno casebre, uma vaca para extrairmos leite e duas galinhas. É tudo que posso conseguir". E então ela perguntou: "Apenas isso?" E ele, já com uma lagrima no rosto, completou: "E muito, mas muito carinho".
Assustada, Candoca tentou correr dali, mas suas pernas não obedeciam. Não sabia o porque, mas elas não se moviam. Logo após o filho do coronel chega, com uma tipóia no braço: "Que aconteceu, Candoca?"
"Não posso mais mover minhas pernas!" Impetuoso, o filho do coronel indagou: "Não podes mais dançar?". Ela, resignada, afirmou que sim. Isso foi o que bastou para o filho do coronel. Seu tão chamado amor era superficial, gostava de Candoca pelo que representava, e não pelo que era. Submisso, o palhaço João se retirou.
Foi caminhando na luz da madrugada até o Circo, onde poderia juntar seus velhos trapos, colocá-los numa velha maleta quebrada e ir embora, para qualquer lugar que não o lembrasse Candoca.
Candoca, solitária, enfim esmudeceu. E, no raiar do sol, com a ajuda dos peões do circo, buscou por João. Mas ele não já não mais estava lá. Candoca nunca mais se interessou por outro homem, mesmo muits oferecendo-lhe riquezas e pompas, pois nenhum deles, nenhum, podia oferecer o que João sempre teve por ela de bom grado.
Candoca veio a falecer velha, onde, dizem, transformou-se na Tristeza.
João, não se sabe. Mas dizem que uma parte dele é vista em cada um de nós.
FIM
(pra alguém especial)

2 Comments:

Blogger Arthur said...

e ponto.

terça-feira, julho 17, 2007 1:27:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

usei teu textinho na aula de hoje...:) Aviso pra nao me processar depois pedindo direitos autorais, é pq eu adoro a Candoca!!!

terça-feira, agosto 21, 2007 4:39:00 PM  

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